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antropologia
Luiz Marins

Eu pensei que estava seguro em meu emprego

“Eu pensei que eu estava seguro em meu emprego e não estava, fui dispensado, o que aconteceu?” Ouvi este desabafo de um funcionário dispensado após 18 anos de trabalho, na mesma empresa.

            Passada a comoção da dispensa, ele me diz: “Na verdade eu me acomodei, achei que estava seguro, que a empresa precisava mais de mim do que eu dela, rejeitei algumas propostas para mudar de cidade e ajudar o estabelecimento de uma nova filial, protelei um curso de inglês, que meu gerente queria que eu fizesse, tirei férias nos dias em que novos equipamentos foram instalados e perdi o treinamento sobre como operá-los, sem ter me dado conta. Comecei a falar mal da minha empresa (quem observou isso foi a minha mulher), a criticar as novas políticas de qualidade e produtividade. Professor, dancei!”

                        Você está empregado, você está seguro, você se sente absolutamente seguro e, de repente, você é dispensado. De repente, seu chefe imediato ou seu patrão chamam você, contam até uma história bonita, dizem que você foi uma pessoa importante para aquela empresa, que todos reconhecem isso, mas houve uma “reestruturação”, um corte, sei lá o que – ordem da matriz - e você dança.

            Por que isso aconteceu?

            A razão é que muitas vezes as pessoas acham-se seguras demais em seu emprego. “Professor, eu dancei porque pensei que estava seguro em meu emprego”.

            Na verdade, a pessoa não fez nada diretamente errado e que tenha motivado a sua dispensa. Uma gota de água todo dia vai enchendo o copo, até que uma gota faz o copo transbordar. Uma palavra, um gesto, um comentário em relação a um fornecedor ou cliente, pode ser essa gota d’água.

            Muitas vezes o motivo é que você perdeu o respeito pelos colegas. Isso é muito comum. Você começa a fazer brincadeiras de mau gosto: “o baixinho, o gordo, o careca, o feio, o feioso”. E daí acontece a dispensa. E quando converso com o chefe ou patrão dessa pessoa, ouço o seguinte comentário: “É Professor, ele era muito bom, ele foi o melhor funcionário nosso, ele realmente era uma pessoa espetacular, de repente, a gente não sabe o que aconteceu com ele”. E olha, todo mundo fala alguma coisa aconteceu, porque ele foi ficando uma pessoa difícil. “Mas, difícil por quê?”, eu pergunto e a resposta é: “Ah sei lá, Professor, pequenas coisas”.

                        Perguntei para muitos patrões, muitos chefes, muitos executivos por que você dispensa uma pessoa que estava tão segura? Veja algumas coisas que eles me disseram:

1ª) Arrogância;

2ª) Achar-se indispensável, a pessoa se acha tão indispensável, que ela acaba sendo dispensável, ela acha que sem ela, a empresa não sobreviverá.

3ª.) Fazer-se de ocupada, a pessoa que começa se fazer de muito ocupada é porque perdeu a noção de que ela não é, por certo, a pessoa mais ocupada do mundo.

4ª.) Não participar de cursos, treinamentos, palestras que a empresa promove.

5ª.) Pessoas que cumprem rigorosamente o horário, nenhum minuto a mais, nenhum minuto a menos. Pessoas que não andam o quilômetro extra. 6ª.)  Segurar informações e não passar para os outros.

O que eu quero dizer é que se você quer manter o emprego, você tem que tomar cuidado. Quando a pessoa é dispensada ou sai, diz para mim e para todos os chefes: “Nessas três semanas eu vou dar um tempo para eu descansar e vai ter fila de gente querendo me contratar, porque eu é que fazia tudo lá na empresa”. E de repente, passa um mês, passam dois meses, passam seis meses, passam dois anos e a pessoa está desempregada, por que será?

                       

Pense se você não está se sentindo seguro demais em seu emprego. E acabe com a arrogância, acabe com o ser o dono da verdade, participe, seja amigo, se comprometa, faça tudo com atenção aos detalhes e termine tudo o que começou.     

       

Só assim que você vai estará realmente seguro.

Pense nisso. Sucesso!          

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